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Eles estavam havia cinco dias na abandonada BR-319, no meio da floresta Amazônica, quando, para alívio geral, avistaram a “civilização”. Uma pequena vila brasileira encantou os aventureiros europeus que cortam a América do Sul a bordo de dois soviéticos Trabants, de um Fiat 126p, da Polônia, e de uma motocicleta tcheca Jawa (todos com pelo menos 20 anos de uso).

Eles registraram em fotos as belezas das moças locais; se divertiram um jogo de futebol misto, em que duas jogadoras dividiam um par de chuteiras (ao mesmo tempo); se reabasteceram no mercadinho e mataram as saudades da cerveja com latinhas da brasileira “Cristal”. Só faltou uma coisa (além de gasolina): o nome da vila.

Em entrevista ao Cidades do Leste, Dan Přibáň, jornalista tcheco que lidera a expedição, disse que a cidade está, literalmente, fora do mapa: “Não temos nenhuma ideia [do nome]. Não havia nenhum sinal, nenhuma informação em mapas, nada no Google Maps, no OpenStreetMaps, nada. Então, esta é uma bonita vila, com pessoas legais e moças bonitas”, diz.

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Em Porto Velho, Rondônia, foi a vez de a equipe conhecer as habilidades do mecânicos locais, que se espantaram com a “rusticidade” do Trabant (com portas de plástico duro e motor de dois cilindros). “A comunidade de pessoas ao redor dos carros é incrível. As pessoas se entendem, ainda não se tenha ideia do que o outro diz. Isso funciona em todo o mundo”, registraram, na página do Facebook da aventura (segunda meu entendimento precário do tcheco).

Na oficina, o epóxi usado para colagem de peças durante o percurso foi retirado (e o conserto correto foi feito) e, na falta de material adequado, usaram moedas de Real como porcas para parafusos. Agora, a viagem segue, rumo a Rio Branco e, depois, segue para o Peru.

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A expedição que reúne dois modelos do carro comunista Trabant está em território brasileiro, passando por maus bocados. A equipe, que é composta ainda por um Fiat 126p, da Polônia, de 1990, e uma motocicleta tcheca Jawa, de 1978, concluiu nesta segunda (29) a travessia completa da BR-319, estrada que os aventureiros disseram ter sido “a pior” trilha que já percorreram. Detalhe: membros da equipe já fizeram percursos semelhantes na África e na Ásia. No meio do caminho, em 26 de outubro, uma postagem  página do Facebook do grupo já dizia: “É hardcore. É uma estrada de um filme pós-apocalíptico. Nós desaparecemos nos buracos, nós construímos as pontes. Nossos carros gemem como navios em um deserto. Mas eles vão!”.

Obra do governo militar na década de 70, a estrada de 884 km é a única ligação rodoviária entre Manaus, no Amazonas, e Porto Velho, em Rondônia — onde a equipe está agora. Por falta de manutenção, a rodovia foi desativada na década de 80 e hoje é apenas uma trilha cortando a floresta Amazônica. Somente um trecho de cerca de 200 km, ligando Porto Velho a Humaitá, no Amazonas, perto da fronteira entre os Estados, foi recuperado em 2010. Projeto do governo Lula previa a reconstrução da estrada, mas a falta de licença ambiental paralisou as obras.

A equipe, liderada pelo jornalista tcheco Dan Přibáň, tem como objetivo percorrer 20 mil km na América do Sul, de Georgetown, na Guiana, até Ushuaia, terminando o percurso em Buenos Aires. Veja nas fotos abaixo como foi a travessia da BR-139, com muita lama, carros quebrados e pontes precárias:

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Juliana Doretto

É jornalista e viveu em Praga, na República Tcheca. Doutoranda na Universidade Nova de Lisboa e mestre em ciências da comunicação pela USP (Universidade de São Paulo), trabalhou como repórter e redatora do portal UOL, de suplementos da "Folha de S.Paulo" e do jornal "Agora". Fez parte do Curso Abril de Jornalismo de 2003. Escreveu para a seção "Mulheres pelo Mundo", da revista Época.

jdoretto@hotmail.com

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